Em 2014 escrevi o livro “Para que (m)
serve o Direito Penal? Uma análise criminológica da seletividade dos segmentos
de controle social” (Editora Lumen Juris), em coautoria com o amigo Airto
Chaves Junior.
Alguns exemplares foram oferecidos
para pessoas que contribuíram com o trabalho, para colegas que gostaríamos
tomassem conhecimento dos ideais ali propostos e outros doados para alunos,
enfim, seguiram seus caminhos.
Semana passada, quando entro na
cozinha do Escritório Modelo de Advocacia da Univali, em Itajaí, observo um
exemplar dele sobre uma cafeteira, com algumas anotações em seu interior, em
uma folha avulsa. Surpreso com o que vi, pedi à zeladora de quem era aquele
livro, quando me disse ser dela. Perguntei como ela tinha conseguido o exemplar.
Relatou-me que alguém doou para a igreja que frequenta e ela, por acaso, acabou
por pegá-lo, sem muita pretensão de leitura.
Disse a ela que eu era um dos
autores, quando percebi sua surpresa. Solicitei fazer uma troca do livro, por
outro de seu interesse. Me disse sim, poderia trocar e assim nos despedimos. Semana
seguinte (hoje), fui até ela e a lembrei do livro, perguntando se faria a troca
comigo, no que consentiu, comentando: “Difícil entender ele né? Comecei a ler,
mas não entendi muito”. Disse a ela que era um livro técnico, destinado a um público
específico e que havia trazido um livro que talvez lhe fosse mais interessante.
Fizemos a troca!
O livro, depois de escrito, adquire independência,
circula por mãos diversas, enfrentam humores bons e maus, são riscados,
cuidados, amados, odiados.... e lidos.
É para isso que são feitos, para
serem lidos. E esse exemplar não estava cumprindo com sua missão; servia como
um “bloco de anotação”, desviando-se do sentido que lhe fez nascer.
Agora, resgatado, retornará às mãos de
leitores!