O filósofo
do martelo, Nietzsche, é conhecido pelas suas ideias e críticas à cultura
ocidental.
Seus aforismos são de uma profundidade e complexidade que
dificultam, muitas vezes, se alcance o sentido de sua mensagem.
Porém, ao
observar com alguma atenção, podemos ver um Nietzsche bastante sistêmico e
restaurativo (ele jamais imaginou ser lido a partir deste referente).
Para a
visão restaurativa, o conflito é sempre útil, necessário e um momento de
aprendizagem para quem nele se encontra, ideia também contemplada por ele: “A
valentia e liberdade de sentimento ante um inimigo poderoso, ante uma sublime
adversidade, ante um problema que suscita horror – é este estado vitorioso que
o artista trágico escolhe, que ele glorifica” (Crepúsculo dos ídolos, af. 24).
A crítica
de Nietzsche é sobre a necessidade que o humano tem de negar a frustração, a
dor e o sofrimento criando, para isso, um mundo de ilusão, por meio da razão,
das crenças e da modernidade, com as promessas de futuro advindo da ciência.
Esta forma de viver o futuro que não chega, em troca de um presente que não se
sente, é o que ele chama de niilismo: “negação da vida”.
Em alguns
momentos a sua postura é bastante sistêmica e restaurativa, na medida em que
este movimento privilegia a necessidade do humano em conhecer-se
verdadeiramente, enfrentar e compreender os conflitos e frustrações, para com
eles transformar sua caminhada: “O homem conhece o mundo à medida que se
conhece: a sua profundidade desvela-se à medida que se espanta de si próprio e
de sua complexidade” (Fragmentos póstumos).
É isso.
Somos seres complexos e uma compreensão desta complexidade exige um
autoconhecimento constante, criativo e transformativo.
Segundo
Viviane Mosé, estamos nos tornando uma sociedade em rede, onde a hierarquia
verticalizada e excludente está dando nascimento a uma hierarquia
horizontalizada e móvel (Nietzsche hoje, p. 38).
Para
compreender isso e o que surge a partir dessas demandas, a visão sistêmica e
restaurativa é um instrumento muito eficiente.