Sociedade e Consumo de Massa
O surgimento da sociedade de
massa fez surgir o consumo de massa. Se por um lado democratizou-se o consumo,
com a inclusão na cadeia consumerista de classes sociais que até pouco tempo
não sonhavam em ter o supérfluo, por outro tivemos uma banalização no gasto
pessoal e familiar que levou muitas famílias ao crediário e juros altos,
comprometendo grande parte da renda mensal.
O consumo é tão voraz que está
presente em todos os momentos de nossas vidas. Ouso a dizer que ele nos
impulsiona a viver: trabalhamos cada dia mais, porque queremos um rendimento
maior, para poder consumir mais e melhor (casa, carro, mobiliário, roupas, boa comida,
viagens etc.); estudamos por mais tempo, não apenas para adquirir o
conhecimento técnico específico, mas para que este conhecimento possa aumentar
nossa renda, o que nos autorizará a consumir mais (poucos são os que buscam
conhecimento sem a intenção de agregar valor em um futuro próximo); quando não
estamos trabalhando e estudando, utilizamos o período de folga para consumir. Isso mesmo. Nossos
passeios são recheados de consumo: shoppings, viagens, cinemas, compras
etc.
No consumo de massa tudo é motivo
para ser consumido, digerido pelo cartão de crédito e pelos carnês infindáveis.
Até a informação virou mercadoria. Quem não consome informação diária e em
grande quantidade sente-se fora do mercado e das relações sociais.
Cultura x Divertimento
Muitos pensam que em suas horas
de lazer estão fazendo cultura, quando na verdade estão fazendo consumo e
divertimento. Cultura não se consome, não é mercadoria a ser consumida,
conforme explica Hannah Arendt.
A cultura não é instantânea, ela
transcende ao homem, este ser mortal que passa por este mundo mortal. Passamos
todos, e aquilo que fica, o belo e admirável, isso é cultura.
Consumindo os filhos
Esta forma de viver a vida vivida
é prejudicial em muitos aspectos. Reflexos negativos podemos encontrar na
educação dos filhos, onde até mesmo os pais que conseguem ter esta percepção
sentem-se incapazes de lutar contra os apelos da indústria do divertimento/consumo.
Seus filhos somam-se aos filhos daqueles pais que sequer percebem que os filhos
estão sendo conduzidos pela “massa”: ou seja, todos, conscientes ou
inconscientes, são “vítimas” deste processo.
O que fazer?
Com os filhos, limite e muito
diálogo. Não da para exclui-los deste processo, mas é necessário que eles sejam
educados para saber jogar este jogo. Conhecer as regras, os limites, até onde
podem ir e o que pode ser prejudicial. Saber conciliar estudo com divertimento
e com cultura. A presença dos pais, de forma efetiva, de corpo e alma, é
imprescindível para que a criança não preencha este hiato com a internet e a
televisão.
Jovens
Nesse contexto, a falta de
conscientização dos jovens é um ponto a ser considerado. Em uma sala de aula,
por exemplo, é comum alunos dividirem a explicação do professor com os passeios
virtuais pela internet em seus celulares turbinados. Não há como o professor competir
com as redes sociais, isso é fato.
Esta forma de relacionamento com
o saber será exportada para os futuros locais de trabalho.
O ser (des)plugado
O ser constantemente plugado é um
ser desatento, que confunde informação com conhecimento. Eu sei o que aconteceu
no mundo hoje, mas pouco conheço o porquê destes acontecimentos.
Ignoro os motivos sociais,
políticos e financeiros que movimentam estes fatos diários. Sei que eles
ocorrem, mas não sei por que ocorrem.
A informação é rasa, superficial
e passageira. O conhecimento exige raciocínio, pesquisa e vivência, o que não
se consegue do dia para a noite.
Vou na onda das manifestações
nacionais, mas nem sei o que, para que e para quem reivindico.
Sou um alienado social e
político, que penso com a maioria, sem saber o que eles pensam. Bem no fundo,
sou conduzido pela multidão só para ver no que vai dar.
O movimento até pode ser legítimo
e necessário, isso não importa. Se não for, também estarei lá movimentando
bandeiras.