sexta-feira, 4 de abril de 2014

Morte e vida severina na atualidade

E se somos Severinos
iguais a tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
(trecho do poema Morte e vida severina
de João Cabral de Melo Neto)

A morte antes dos trinta chega em locais já definidos, favelas, bairros esquecidos pelos que ali não habitam;

A velhice antes dos trinta só ocorre nestes locais, na áreas pouco sociais onde a infância é invertida;

A morte por emboscada, também tem lugar conhecido, ataca antes dos vinte e em qualquer labirinto; se embrenha por entre os barracos, geralmente com capuz no rosto, não pede licença, nem da adeus, pouco importa quem seja e a quem deu desgosto;

A fome também mata e como mata, mas não só a fome de comida. A fome de esperança talvez mate mais, dia a dia, hora a hora; a fome de comida vai embora quando alguém estende a mão, mas a fome de esperança, quem pode matar senão só eu!

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