quarta-feira, 2 de julho de 2014

Os 172 mil processos do STJ

       Segundo balanço divulgado no site do STJ no dia de ontem (01/7), o tribunal julgou no primeiro semestre deste ano 172.635 processos, sendo 37.827 em sessão e 134.808 em decisões monocráticas (veja aqui).

      Considerando que o STJ é composto por 33 Ministros, e fazendo uma conta simples, daria uma média de 5.231 processos para cada Ministro. Se considerarmos os 105 dias úteis trabalhados entre fevereiro e junho, temos uma média de 1.644 processos julgados ao dia pela corte e 49.8 processos julgados ao dia por cada um dos ministros.

       Convenhamos que isso é humanamente impossível.

       Então como chegamos a este número de julgamentos?

1                           - Pelos julgamentos em bloco;
2                           - Excesso de julgamentos monocráticos;
3                       -  Julgamentos realizados pela assessoria, sem a vinculação direta e pessoal do Ministro, ofendendo o princípio do juiz natural;

       Pontual a reflexão feita por Lenio Luiz Streck[1]:

      O que resta do direito? Qual é o papel da doutrina? Os julgamentos se tornaram monocráticos...! Milhares de processos são “resolvidos” no atacado...! Não mais discutimos causas, pois passamos a discutir teses jurídicas...! Como que a repetir a lenda do “leito do Procusto”, as causas são julgadas de acordo com conceitos previamente elaborados (súmulas, repercussão geral, etc.). E as ações são julgadas por “pilhas”.

      Os números informados pelo STJ não nos enchem de alegria, tampouco de orgulho. Pelo contrário, evidenciam a dificuldade dos jurisdicionados em ter uma decisão que verdadeiramente analise o fato. 

     Este parece ser um caminho sem volta. Infelizmente!




[1] O que é isto – decido conforme minha consciência? 4 ed., Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 116.

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